quarta-feira, agosto 14, 2013

Si vis pacem, para bellum


Eu só olho.
Apenas observo e faço um tanto esforço para que minha mente interprete a informação que chega.
Então eu olho. E não falo nada.
Também não permito coação em algo tão delicado.
No meu baita esforço de entender, tão corriqueiro e natural, lembro do dela; Da força e do esforço. Admiro. Ora, Amar = Admiração.
Me sinto sortudo, ou predestinado. Grato.
E continuo. Observo e deixo falar.
Ela me ensinou: "- Minha mãe me dizia: "- Cuidado com pessoas quietinhas."
E ela me mostrava: "- Olha, presta atenção, depois você fala."
Então eu olho. Absorvi a experiência de quem sabe o que diz porquê já esteve lá.
Frágil, delicada. Forte; Forte & Doce.
Reafirma em atitude o que tanto me reafirmou em palavra. E atitude também.
Eu admiro e sigo o exemplo afinal seria burro se não o seguisse.
Aí eu só olho. Observo, faço força e entendo. Entendo que sou forte. Forte & Doce, e mais forte do que doce se necessário.
Ouço e deixo falar e então que os pés se metem pelas mãos e eu rio.
É divertido. Inegável que não seja.
A destreza do caminhar dela me inspira e eu ando firme. Lembrando dela apenas digo: "- Eu avisei."
Dentro de mim damos risada por dentro.
"Não com nossa família."
É o que pensamos em nossos lábios sorridentes.
"Não com a nossa família."
É assim que eu falo.



terça-feira, maio 07, 2013

Bico de Pito ?



“ ...Soberana de seu lar, uma mulher quando faz café pela manhã tem a persuasão natural sobre o aroma. Faz que ele invada cômodo à cômodo da casa como se estivesse ela ali. Suavemente acordando seus queridos para o novo dia.
Hoje eu acordei apesar de não dormir. Algo que me acostumei ao longo de algum tempo.
Não podia dormir, tinha que estar ciente. Consciente. Devo protegê-la.
Não posso dormir.
Hoje eu acordei. Fui chamado pelo cheiro de café e o alvorecer de um novo dia em que vou fincar novos alicerces do meu antigo edifício.
Reconstrução é necessária e nesse caso pode não ser suficiente.
Meu  órgão interpretador  tridimensional, i.e., meu cérebro pedia pelo que costumávamos chamar “bico de pito”. Um bico no café preto forte para chamar aquele filtro vermelho da manhã, onde estaria pronto para restabelecer as conexões e lembrar-me de quem sou no mundo. Mas mais que isso pedia também pelo prazer de me lembrar com costumávamos tomar nosso  “bico de pito” pela manhã ante ao grande.
Então fumo. Filtro vermelho.  E sem querer, porém exatamente por minha vontade ao som da música de nosso lar. O Lar de Maravilhas.
Na nossa Casa das Máquinas.
Por que tudo é complicado, tudo é eletrônico ela me perguntava.
Eu não sabia. Só sabia que era.
Sinto o exato cheiro do seu café.
Acordada antes de mim. Para mim.
Eu escrevo. Sobre ela. Sobre Nós Dois. Um. Porquê li. Dela. Sobre mim. Nós Dois. Um.
Frente ao sono que ainda não veio.
“Bico de pito, Amor ?”

segunda-feira, abril 22, 2013

Quotidianus



“...Era Tudo. Também era o Nada.
Vinha sendo, já se fazia algum tempo, um bocado de Sim; Um tanto de Não, e uma boa parte de Talvez.
                Já era assim. Uma rotina quase que inata. Para ele havia se tornado comum.
E todo dia adentrava a portaria daquele tal hospital. Espirrava álcool gel na mão. Deixava-se acreditar nas normas e que aquele gesto gerava uma proteção para seu Amor.
Subia.
Costumeiro; Pelas escadas. Por mais que não quisesse, e não queria, sempre era notado.
Olhares o diferenciavam mais para ele era inaceitável que o fizessem. Era o seu canto. Lar provisório que foram forçados a habitar.
Ele estava em seu local; Os outros não.
Paula Miasato era o que ele dizia todos os dias para algum vigilante/recepcionista daquele conjunto de vigilantes/recepcionistas.
 Algumas vezes o mesmo. Nos últimos tempos, na maioria das vezes não. Mas 244 era o que ele ouvia. Todos os dias. Não importava de quem.
 Retirava o crachá e seguia. De costume. Era sua rotina.
Subia a rampa em busca de algo que denominava sua Mulher. Para ele era mais. Mais que isso. Sempre foi.
Agonizava, nitidamente sob os olhares alheios e não alheios também.”